sábado, 1 de novembro de 2008

Síndrome de Down

Conhecer para Entender, Respeitar e Integrar

A síndrome de Down (SD) é a forma mais freqüente de retardo mental causada por uma alteração genética. Em uma situação normal, todas as células do nosso corpo possuem 46 cromossomos agrupados em 23 pares. São eles os responsáveis pelas características físicas que apresentaremos, como a cor dos olhos, altura, sexo e também por todo funcionamento e forma dos órgãos internos, como coração, estômago, cérebro, etc. A condição específica para que ocorra Síndrome de Down é a trissomia de um desses pares de cromossomos, o de n.º 21. Ou seja, a criança apresenta um cromossomo 21 a mais em todas as suas células. Essa trissomia é um acidente genético e como tal pode ocorrer em todos os grupos étnicos e classes sociais.
Além das características físicas reconhecíveis, pessoas com SD costumam apresentar baixa estatura, hipotonicidade muscular, capacidade cognitiva e desenvolvimento motor menor que a média. Preocupações com relação à saúde incluem risco de cardiopatias, refluxo gastroesofágico, infecções recorrentes nos ouvidos, apnéia do sono, disfunções da tireóide, dificuldades de alimentação, obesidade, entre outras.
Uma dúvida constante na rotina diária da Síndrome de Down diz respeito à alimentação. Assim como para qualquer outra criança, os alimentos de bom padrão nutricional devem ser oferecidos diariamente. A dieta deve ser equilibrada em nutrientes e calorias para permitir adequado crescimento e desenvolvimento, evitando o ganho de peso excessivo comum nesta síndrome. A qualidade da alimentação é extremamente importante, considerando-se que, na Síndrome de Down, além da obesidade, encontramos níveis mais altos de lipídios séricos e maior prevalência de Diabetes Mellitus, resultados do excesso de tecido adiposo.
O trabalho fonoaudiológico vem acrescentar nesse cenário multidisciplinar a possibilidade do desenvolvimento de todos os fatores que podem influenciar positivamente na comunicação. Sendo a linguagem (compreensiva e expressiva) um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido por qualquer criança, o principal objetivo é a estimulação de suas habilidades comunicativas. As trocas verbais e emissões espontâneas devem sempre ser reforçadas positivamente. Conhecendo as alterações de tônus muscular, a estimulação das funções orofaciais visa proporcionar uma melhor postura e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios para adequação da fala, assim como uma respiração adequada e uma maior independência em relação aos hábitos alimentares propostos pelo nutricionista.
A entrada da criança com síndrome de Down na escola regular, a partir da educação infantil, é muito positiva desde que a inclusão seja bem feita, pois a sua socialização começa a se dar de maneira muito tranqüila e o progresso no desenvolvimento pode ser bastante satisfatório quando passam a ser vistas como indivíduos capazes de fazerem parte do mundo. Ela é capaz de compreender suas limitações e conviver com suas dificuldades. A maioria desses indivíduos têm condições de participar e interferir com certa autonomia no mundo e consegue tomar iniciativas, não precisando que os pais e os professores digam a todo o momento o que deve ser feito.
Com o passar dos anos, a deficiência intelectual fica mais evidente. As funções cognitivas do portador da SD podem funcionar de maneira diferente: sua atenção, concentração e memória podem ter um tempo mais lento do que aquele apresentado pelas crianças ditas "normais". A figura do professor neste contexto é ainda mais relevante, uma vez que este é quem poderá desenvolver as ações necessárias ao processo de inclusão por saber que um ambiente com boa receptividade é essencial, principalmente no que se refere à aprendizagem. É aconselhável que essas crianças ou adolescentes que freqüentam escolas regulares tenham um acompanhamento psicopedagógico para auxiliar nos conteúdos. O auxílio de um profissional da psicologia e da psicopedagogia também poderá ser útil na escolha da escola mais adequada para o melhor desenvolvimento da criança, considerando o modelo de família e as singularidades de cada uma.
Como já teve ter ficado evidente, o trabalho multidisciplinar é importantíssimo, uma vez que vários aspectos, tanto físicos quanto emocionais, precisam ser estimulados nos portadores da SD. Assim, avaliações com pediatra, cardiologista, fisioterapeuta, geneticista, dentre outros, torna-se imprescindível. Caberá aos profissionais, primeiramente procurados pela família, fazerem os devidos encaminhamentos.
É importante salientar ainda que um ambiente amoroso e estimulante, a intervenção precoce e os esforços integrados desses profissionais irão sempre influenciar positivamente no desenvolvimento da criança, melhorando seu desempenho global.

Cristina G. Pivetta – Nutricionista
Danielle F. Scardiglia – Fonoaudióloga
Mariângela Feijó – Psicóloga
Nereida Otten – Psicopedagoga